CONEXÃO GEOGRAFIA
Prof. Décio - E. E. João dos Santos - São João del-Rei/MG
A ESTRUTURA GEOLÓGICA E AS CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO BRASILEIRO
A estrutura geológica do Brasil é constituída por bacias sedimentares e escudos cristalinos. Por se localizar no centro da placa sul-americana, o país não possui dobramentos modernos e é tectonicamente estável.
Os escudos cristalinos formaram-se na era pré-cambriana e no início da era paleozóica, sendo bastante antigos, razão pela qual possui altitudes baixas, devido a forte atuação dos fatores externos modificadores do relevo (erosão e intemperismo). Entretanto, algumas das formas principais do relevo brasileiro, são decorrentes de fenômenos tectônicos remotos, ocorridos pela ação de epirogênese e movimentação tectônica com lento erguimento e rebaixamento da crosta, provocando falhas e fraturas na forma da superfície do país, principalmente na região leste-sudeste do país.
Os escudos cristalinos correspondem a 36% do território brasileiro, sendo ricos em minerais não metálicos, como o granito e as pedras preciosas e minerais metálicos como o ferro, o manganês, a bauxita e a cassiterita, entre outros, formadas principalmente na era proterozóica.
O ferro explorado principalmente no quadrilátero ferrífero em Minas Gerais e na Serra do Carajás no Pará; o manganês no Maciço do Urucum no Mato Grosso do Sul, na Serra do Navio no Amapá, em Minas Gerais e no Pará; a bauxita no vale do rio Trombetas no Pará e a cassiterita em Rondônia e Minas Gerais.
Já as bacias sedimentares brasileiras de formação antiga (eras paleozóica, mesozóica) e as de formação recente (era cenozóica), são importantes, pois abrigam jazidas minerais usadas como fontes de energia, como o petróleo, gás natural e carvão mineral, sendo este último raro no país, aparecendo apenas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Já o petróleo está presente em quase todo o litoral brasileiro, junto a costa marítima, principalmente na bacia de Santos (SP), de Campos (RJ), no Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Pará e Amazonas (foz do rio amazonas).
Outra característica de destaque das bacias sedimentares brasileiras é que durante a era mesozóica, quando da formação da Bacia Sedimentar do Paraná, ocorreu uma intensa atividade vulcânica com extravasamento de magma, formando grande quantidade de rocha basáltica, cuja decomposição originou a terra roxa, solo extremamente fértil, que determinou a vocação agropecuária do oeste do Estado de São Paulo e norte do Paraná.
É importante destacar que relevo e estrutura geológica são conceitos diferentes, sendo que o primeiro corresponde a forma apresentada pela superfície terrestre e a estrutura geológica corresponde a natureza das rochas que compõem o relevo. No território brasileiro, as estrutura geológicas são antigas: pré-cambriana para os escudos cristalinos; paleozóico e mesozóico para as grandes bacias sedimentares do Paraná, Maranhão (Parnaíba) e parte da Amazônica, com exceção das bacias do pantanal matogrossense, a porção ocidental da bacia amazônica e trechos do litoral do nordeste e do sul do país, que são de formação recente (era cenozóica). No entanto, as formas do relevo brasileiro são recentes, decorrentes dos constantes desgastes erosivos de climas anteriores e atuais. O nosso relevo é modelado principalmente pelas intempéries, isto é, pelas variações rigorosas dos elementos climáticos como a temperatura, o vento e a chuva que atuam sobre as rochas.
Assim temos três classificações do relevo brasileiro, feitas em épocas diferentes, considerando as cotas altimétricas (Aroldo Azevedo), as formas de relevo pela ação de agentes climáticos-morfoclimáticos (Aziz Ab’Saber) e aspectos geomorfológicos (Jurandyr Ross).
Aroldo Azevedo fez a primeira classificação do relevo brasileiro em 1940, levando em conta as altitudes, estabelecendo como limite de 200 m para distinguir planaltos de planícies. Essa classificação dividiu o Brasil em oito formas de relevo, com os planaltos ocupando 59% do território brasileiro e as planícies, 41% do restante. Dividiu o país em:
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Planalto das Guianas
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Planalto Brasileiro, subdividido em:
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Planalto Central
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Planalto Atlântico
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Planalto Meridional
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Planície Amazônica
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Planície do Pantanal
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Planície Costeira
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Planície dos Pampas ou Gaúcha
Em 1958, o geógrafo Aziz Ab’Saber, ampliou a classificação de seu antecessor, acrescentando novas unidades de relevo e aboliu o critério das cotas altimétricas, substituindo por critérios baseados em processos de erosão e sedimentação para formação de planaltos e planícies, diferenciando-os. Segundo Ab’Saber, todas as superfícies onde predominam agentes de erosão, são consideradas planaltos, enquanto nas superfícies onde a deposição de sedimentos é maior que os agentes de erosão, são consideradas planícies. Adotando essa classificação, o Brasil passou a ter dez unidades de relevo, sendo que os planaltos passaram a representar 75% do território nacional e as planícies 25% do relevo brasileiro, que passou a ser dividido em:
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Planalto das Guianas
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Planalto Brasileiro, que se subdividiu em:
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Planalto Central
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Planalto Meridional
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Planalto Nordestino
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Planalto do Maranhão-Piauí
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Serras e Planaltos do Leste-Sudeste
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Planalto Uruguaio-Rio Grandense
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Planície e terras baixas amazônicas
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Planícies e terras baixas costeiras
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Planície do Pantanal
Em 1989, o professor Jurandyr Ross, elaborou uma outra classificação mais completa, baseado nos estudos de Ab’Saber e na análise de imagens de radar obtidas pelo projeto Radambrasil, que constituiu num mapeamento completo e minucioso do território brasileiro e dessa vez, usando critérios geomorfológicos, identificando três tipos de relevo, além dos planaltos e planícies, as depressões que são áreas rebaixadas por erosão em relação as superfícies e terrenos vizinhas.
Os Planaltos continuaram dominando o território brasileiro, só que passaram a ser subdivididos em:
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Planalto em bacias sedimentares – são os planaltos da Amazônia Oriental (Amazônia e Pará), os planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba (Pará, Maranhão e Piauí) e da bacia do Paraná (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul);
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Planaltos em intrusões e coberturas residuais de plataforma. São os chamados escudos cristalinos. Temos como exemplo o Planalto Norte-Amazônico (chamado de Planalto das Guianas nas classificações anteriores);
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Planaltos dos cinturões orogênicos – originaram-se da ação da erosão sobre os dobramentos sofridos na era pré-cambriana. São as Serras do Mar, da Mantiqueira, do Espinhaço e as Serras do atlântico Leste-Sudeste;
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Planaltos em núcleos cristalinos arqueados – isolados e distantes um dos outros, possuem a mesma forma arredondada. São o Planalto da Borborema e o Planalto Sul-Rio-Grandense;
As depressões se formaram no limite das bacias sedimentares (planícies) com os maciços antigos (planaltos) devido a processos erosivos, rebaixaram o relevo, principalmente na Era Cenozóica. São onze no total que recebem denominações diferentes conforme sua localização. Temos as Depressões Periféricas, as Depressões Marginais e as Depressões Interplanálticas.
Finalizando a classificação do relevo brasileiro, temos as planícies (bacias sedimentares), que passaram a ocupar uma porção bem menor do território brasileiro. Surgem as planícies costeiras e as planícies continentais (Planície do Pantanal e as planícies fluviais junto aos rios).
Assim esse conjunto de relevo brasileiro, passou a ser composto por 28 unidades, divididos em onze planaltos, onze depressões e seis planícies, que são:
PLANALTOS
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Planalto da Amazônia Oriental
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Planalto Residual Norte Amazônico
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Planalto Residual Sul Amazônico
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Planalto e Chapadas da Bacia do Parnaíba
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Planalto e Chapadas da Bacia dos Parecis
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Planalto e Chapadas da Bacia do Paraná
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Planalto e Serras do Atlântico Leste e Sudeste
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Planalto e Serras de Goiás-Minas
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Serras Residuais do Alto Paraguai
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Planalto da Borborema
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Planalto Sul-Rio Grandense
DEPRESSÕES
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Depressão da Amazônia Ocidental
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Depressão Marginal Norte-Amazônica
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Depressão Marginal Sul-Amazônica
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Depressão do Araguaia
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Depressão do Tocantins
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Depressão Cuiabana
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Depressão do Alto Paraguai-Guaporé
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Depressão do Miranda
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Depressão Sertaneja e do São Francisco
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Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná
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Depressão Periférica Sul-Rio Grandense
PLANÍCIES
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Planície do Rio Amazonas
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Planície do Rio Araguaia
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Planície e Pantanal do Rio Guaporé
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Planície e Pantanal Mato Grossense
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Planície da Lagoa dos Patos e Mirim
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Planície e Tabuleiros Litorâneos
É importante destacar que cada nova classificação não substituiu a anterior completamente, elas se complementam. Entretanto, algumas áreas de sedimentação situadas em maiores altitudes, ou seja, planícies encaixadas entre planaltos, não aparecem em nenhuma das classificações do relevo brasileiro, uma vez que não contemplam áreas de planícies pequenas, como o Vale do Paraíba, uma pequena bacia sedimentar entre as Serras do Mar e da Mantiqueira, que mesmo na classificação de Ross, desaparece no meio dos Planaltos e Serras do atlântico Leste e Sudeste.
Ao estudarmos o relevo brasileiro encontramos ainda outras subcategorias como:
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Escarpa: declive acentuado que aparece em bordas de planaltos;
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Cuestas: forma de relevo de bacias sedimentares que possui um lado com escarpa abrupta e outro com declive suave;
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Chapada: tipo de planalto, cujo topo é aplainado e as encostas escarpadas;
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Serra: tipo de planalto com forte desnível e escarpas abruptas;
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Inselberg: saliência encontradas em regiões planas de clima árido e semi-árido;
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Mares de Morro: região em que as feições das formas do relevo conferem a paisagem vários morros arredondados, também conhecidos como meias laranjas, resultante da erosão em terrenos cristalinos.
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Falésias: Uma falésia se forma quando o embate das ondas no terreno leva ao solapamento de sua base e o conseqüente desmoronamento do material sobrejacente. O material desmoronado é levado pelas correntes litorâneas, mantendo a base da falésia exposta à ação posterior de novas ondas marinhas, levando a sucessivos desmoronamentos e ao avanço do mar sobre o continente.