
CONEXÃO GEOGRAFIA
Prof. Décio - E. E. João dos Santos - São João del-Rei/MG

TERRA - PLANETA ÁGUA
A camada líquida que recobre o planeta é chamada de hidrosfera, e compreende toda forma líquida do planeta, ou seja, oceano, mares, rios, lagos, geleiras e a água subterrânea.

A água no planeta está em constante circulação, apresentando-se em três estados físicos: sólido (geleiras), líquido (oceanos, mares, rios, lagos) e gasoso (nuvens e transpiração). Essa circulação contínua é chamada de ciclo hidrológico e é essencial para a vida no planeta.
As águas superficiais passam para a atmosfera através de um processo denominado evapotranspiração e devido as baixas temperaturas nas porções superiores da atmosfera, estas condensam-se e precipitam sobre a superfície da Terra, na forma de chuva, neve ou granizo. No entanto, nem toda água precipitada volta para a atmosfera novamente, pois escoam como rios, lagos sobre os continentes ou penetram no solo formando os chamados lençóis freáticos ou aqüíferos.

Apenas 0,6% da água superficial do planeta podem ser considerada um recurso hídrico aproveitável pelo homem, sendo que estes recursos estão concentrados em algumas regiões da Terra, enquanto outras áreas sofrem com a escassez deste recurso tão importante para a vida. As regiões mais secas ocupam cerca de 40% da superfície dos continentes. Em compensação 60% do restante, estão concentrados principalmente em apenas nove países no mundo (Brasil, Rússia, Noruega, Canadá, China, Indonésia, EUA, Colômbia e Peru), sendo que o clima é fundamental para explicar essas distorções.

De acordo com dados do International Hydrological Programme da UNESCO sobre recursos hídricos, o volume total de água no planeta é calculado em torno de 1,4 bilhões km³. Porém, 97,5% dessa água é salgada, e está basicamente nos mares e oceanos. A água doce, que só representa 2,5% do total, está em sua maior parte nas calotas polares, estando apenas 0,3% desta, disponível e de fácil acesso em lagos, rios, lençóis subterrâneos pouco profundos e aqüíferos mais profundos.

O equilíbrio entre a disponibilidade e o consumo de água no planeta é uma grande preocupação da humanidade, uma vez que a disponibilidade tem diminuído rapidamente e o consumo aumentado indiscriminadamente. O maior fator que tem levado a diminuição da água no planeta é justamente a ação humana, que vem destruindo as nascentes com desmatamentos, a poluição dos rios e lençóis freáticos com esgotos, agrotóxicos, dejetos industriais, assoreamento, bem como, o desperdício indiscriminado.
Todo esse panorama tem levado as autoridades a se preocuparem no sentido de que a escassez de água se tornou uma séria ameaça ao planeta, tornando o futuro do abastecimento para as novas gerações uma incógnita.
Vamos assim estudar sobre as águas que recobrem o planeta, a hidrosfera, começando pelas águas oceânicas.
A área da Terra é de cerca de 510.100.000 km², sendo a maior parte coberta por água, totalizando cerca de 360.650.000 km², distribuídos entre oceanos e mares.
Embora nenhum continente separe totalmente a enorme massa líquida existente no planeta, a disposição das terras emersas nos leva a reconhecer quatro oceanos – Pacífico, Atlântico, Índico e Glacial Ártico. Entretanto, alguns geógrafos consideram um quinto oceano que não atende aquele requisito da disposição das terras continentais, que é o Oceano Glacial Antártico.

A maior parte da superfície oceânica está concentrada no hemisfério sul, razão pelo qual esta parte do globo terrestre também é conhecida como hemisfério das águas, sendo assim o hemisfério norte também chamado de hemisfério das terras.
Podemos, portanto definir oceano como uma grande porção de massa líquida e salgada, que banha um ou mais continentes. Ao contrário dos oceanos que ocupam vastas áreas da superfície terrestre, os mares são pequenas porções de massas líquidas e salgadas em contato e próximas aos continentes, deles sofrendo ou exercendo influência, não deixando de fazer parte dos oceanos.
Com relação aos oceanos, podemos afirmar o seguinte:
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Oceano Pacífico – é o mais extenso dos oceanos estendendo-se por todos os hemisférios da Terra. Banha toda a costa oeste da América, a costa leste da Ásia e Oceania e a costa norte da Antártida;
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Oceano Atlântico – é o mais importante economicamente, pois possui as maiores rotas marítimas comerciais do mundo, ligando as maiores do economias do planeta. Se estende do hemisfério norte ao hemisfério sul, banhando toda a costa leste da América, costas oeste da Europa e da África e a costa norte da Antártida;
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Oceano Índico – é o menor oceano do planeta, apresenta as águas mais aquecidas e banha a costa leste da África, costa sul da Ásia, costa oeste da Oceania e a costa norte da Antártida;
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Oceano Glacial Ártico – localizado totalmente no hemisfério norte da Terra, é o de menor importância pois apresenta-se congelado grande parte do ano. Banha as costas norte da América, Europa e Ásia, se estendendo por todo o pólo norte do planeta.
As águas dos oceanos são responsáveis pelo equilíbrio climático do planeta, pois absorvem o calor do Sol e o liberam devagar para a atmosfera. Nas regiões equatoriais, são mais intensas enquanto nos pólos mais fracas, sendo que na região do Equador as temperaturas dos oceanos são mais altas que nas regiões longe dele. Também em relação a superfície dos oceanos existem diferenças, sendo que superficialmente vamos encontrar águas mais aquecidas que nas áreas mais profundas. Quando estas águas profundas e frias deslocam-se para a superfície, surge o fenômeno denominado ressurgência, que pode ser causado pela ação dos ventos que empurram as águas quentes ou por redemoinhos.
Também em relação a salinidade, vamos encontrar grandes diferenças nos oceanos, no sentido de que quanto mais próximo ao Equador, maior concentração de sal nas águas do oceano, devido a grande evaporação nesta regiões.
Já em relação aos mares, temos diversos na Terra, onde podemos destacar alguns dos seguintes:
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Mar do Caribe, Mar del Plata, na América;
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Mar Mediterrâneo, Mar do Norte, Mar Negro, Mar Báltico, Mar Cáspio, na Europa;
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Mar Arábico, Mar da China, Mar do Japão, Mar de Bering, Mar de Aral, Mar Morto, na Ásia;
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Mar Vermelho na África;
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Mar dos Corais na Oceania.
Podemos dividir os mares em três tipos que podem ser classificados em mares fechados ou continentais que se localizam dentro dos continentes e não possuem saída para nenhum oceano, os mares interiores que são aqueles que ficam presos entre os continentes e se comunicam com os oceanos através de uma pequena passagem, chamados de estreitos ou canal e os mares abertos que apresentam-se em contato com o continente e com o oceano de forma bastante larga. São exemplos de mares continentais: o Mar Cáspio, Mar de Aral, Mar Morto entre outros menores. São exemplos de mares interiores o Mar Mediterrâneo, o Mar Negro, o Mar Báltico, o Mar Vermelho e de mares abertos o Mar do Caribe (ou Antilhas), Mar Arábico, Mar da China, entre outros.



ÁGUAS CORRENTES SUPERFICIAIS
As águas superficiais compreendem os rios, lagos e geleiras, sendo, portanto, aquelas que não se infiltram no solo, geralmente escoando pela superfície em caráter permanente, intermitente ou esporádico.
Podemos definir rios como uma corrente de água permanente, que leva os excessos das águas continentais superficiais até os oceanos, mares e lagos. Os rios se diferenciam pelo tamanho, tipo de relevo, regime hidrológico e sua fonte de alimentação.

Em relação ao tamanho e volume de água os rios podem ser chamados de riachos, córregos, ribeirões, arroio se forem de curso, extensão ou volume pequenos ou simplesmente rios, quando apresentarem curso, extensão e volume maior.
Com relação ao tipo de relevo, os rios podem ser: rios de planalto, rios de planície ou rios mistos.
Rios de planalto são aqueles que possuem acentuada declividade, apresentando-se encachoeirados, com corredeiras e curso acidentado, ideais para a produção de energia elétrica. Já os rios de planície são aqueles que possuem baixa declividade, curso com muitos meandros (curvas), águas calmas ótimo para a navegação. Os rios mistos são aqueles que apresentam os dois tipos, sendo no curso superior (próximo a nascente) rio de planalto e no seu curso médio ou inferior (próximo a foz, geralmente no nível do mar) apresenta-se como rio de planície.



Rio de Planície
Rio de Planalto
Rio Misto
O destino final das águas fluviais geralmente são as águas dos oceanos e mares, com exceção dos rios que desembocam em lagos interiores, isto é, regiões mais baixas da superfície terrestre.
Quanto ao regime hidrológico, o volume das águas de um rio não é o mesmo em todo o seu curso e durante todo o ano. Quando o volume diminui muito ou mesmo chega a secar, esse período é chamado de estiagem ou vazante e quando ocorre o contrário, atingindo seu volume máximo, esse período é denominado de cheias. Essas situações geralmente se repetem anualmente, sendo que o ritmo da estiagem e das cheias dos rios é denominado de regime fluvial, dependendo do clima da região onde o rio está localizado.
Os principais regimes fluviais são:
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Equatorial com chuvas abundantes e pouca variação no volume das águas;
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Tropical com uma estação chuvosa (período das cheias) e outra seca (período de estiagem) bem definidas;
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Nival ou Alpino quando as cheias são provocadas pelo derretimento das neves, geralmente ocorrendo na primavera e
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Polar quando os rios permanecem congelados a maior parte do ano (de quatro a seis meses no ano).
Outro fator que irá influenciar o regime fluvial de um rio é a fonte de sua alimentação, que pode ser:
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Pluvial quando são alimentados pelas águas das chuvas que se formam provenientes de nascentes que brotam de um lençol subterrâneo;
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Nival são formados e alimentados pelo derretimento das geleiras e da neve, sendo característicos de regiões frias ou próximas as cordilheiras.
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Pluvio-nival que são os rios alimentados tanto pelas águas das chuvas como pelo derretimento das geleiras e neves, como é o caso do Rio Amazonas.
Como já afirmamos, todas as águas fluviais correm para os oceanos ou mares (exceto as que desembocam em lagos ou mares fechados), locais denominados foz, que conforme o tipo do terreno, profundidade, volume de água caracterizam-se em:
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Estuário – que tem uma desembocadura larga e profunda, lançando suas águas sem obstáculos, por exemplo o rio Amazonas;
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Barras – onde devido ao acúmulo de sedimentos trazidos pelas águas em regiões pouco profundas, forma-se um obstáculo para a saída do rio;
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Delta – quando as quantidades de sedimentos formam pequenas ilhas na foz que dividem o curso em diversos canais, geralmente em forma triangular, como a do Rio Nilo no Egito.

Foz em Estuário
Foz em Delta

Os rios estão organizados hierarquicamente formando uma rede hidrográfica – o rio principal, afluentes e subafluentes, sendo esta região conhecida como bacia hidrográfica.
As partes mais elevadas do relevo de uma bacia (planaltos ou montanhas) que separam os rios da rede hidrográfica delimitando suas respectivas áreas são os divisores de água ou interflúvios. As laterais de um rio são as margens ou várzeas, áreas que costumam sofrer inundações. Vertente é a parte do vale que se estende desde as margens até os interflúvios, talveque o ponto mais fundo de um rio e o leito a calha por onde o rio corre.
Os principais rios no mundo são:
Na África vamos encontrar o Rio Nilo que apesar de atravessar a região desértica do Saara, nunca seca em razão de sua nascente encontrar-se no centro do continente, região de clima equatorial com chuvas abundantes o ano todo. Temos também o Rio Congo sendo um rio de planalto o que lhe confere um gigantesco potencial hidrelétrico, no entanto pouco aproveitado. Temos ainda os rios Niger, Zambeze, Limpopo e Rio Orange.

Na Europa temos os rios Reno, Ruhr e Elba na Alemanha, rios Sena Loire e Ródano na França, rios Douro e Tejo em Portugal, rios Pó e Tibre na Itália, Rio Danúbio que nasce nos Alpes , região central do continente e atravessa diversos países desaguando no Mar Negro e o Rio Volga, o mais extenso da Europa, que apesar de congelado boa parte do ano, desemboca no Mar Cáspio. Em sua maioria, os rios europeus são de planície e bastante navegáveis.

Na Ásia temos o rio Jordão em Israel, os rios Tigre e Eufrates que nascem na Turquia, atravessam a Síria e o Iraque desaguando no Golfo Pérsico, importantes devido a aridez da região do Oriente Médio. Temos também os rios Huang-Ho (rio Amarelo) e Yang-Tsé-Kiang (rio Azul) na China, os rios Indo e Ganges na Índia e o Rio Mekong no Vietnã, todos importantes para as culturas de suas regiões.

Na América do Norte, temos os rios São Lourenço e Mackenzie no Canadá, os rios Hudson, Mississipi, Missouri, Colorado nos EUA, o rio Grande no México. Na América do Sul os rios Amazonas, São Francisco, Araguaia, Tocantins, Paraná, Grande, Uruguai, Paraguai principalmente no Brasil, o rio Orinoco na Venezuela e o rio da Prata na Argentina.

Finalizando, na Oceania temos os rios Murray e Darling na Austrália e o rio Clutha na Nova Zelândia.

Um lago é uma depressão natural na superfície da Terra que contém permanentemente uma quantidade variável de água. Essa água pode ser proveniente da chuva, duma nascente local, ou de curso de água, como rios e glaciares geleiras que desaguem nessa depressão.
A quantidade de água que um lago contém depende do clima regional. As dimensões dos lagos são muito variáveis, desde alguns metros até várias centenas de quilometros, como são os Grandes Lagos da América do Norte ou os Grandes lagos Africanos. A sua profundidade também varia desde alguns centímetros até várias centenas de metros - o Lago Baikal, na Sibéria, é o mais profundo do mundo, com 1680 metros.
Os lagos são classificáveis em função da sua origem. Alguns tipos são:
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Lagos tectônicos - águas acumuladas nas deformações da crosta terrestre;
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Lagos de origem vulcânica - águas que ocupam antigas crateras de vulcões extintos;
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Lagos residuais - que correspondem a antigos mares (água salgada);
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Lagos de depressão - águas acumuladas em depressões do relevo;
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Lagos de origem mista - resultante da combinação de diversos fatores capazes de represar certa quantidade de água.



Lago Vulcânico Lago Tectônico Lago de Depressão
Nova Zelândia Na África Grandes Lagos - Estados Unidos
Quanto às geleiras podemos defini-las como grande massa de gelo que ocorre nas regiões em que a queda de neve supera o degelo. Pode deslocar-se pelos vales (geleira de vale, de montanha ou de tipo alpino) ou ainda espalhar-se em forma de concha ou bacia (geleira de piemonte). Podem ser classificadas em:

As Geleiras Continentais são grandes e espessas camadas de gelo que cobrem vastas áreas de terra próximas às regiões polares. As geleiras continentais da Groenlândia e da Antártica, por exemplo, encobrem montanhas e planaltos.

As Geleiras de Vale também chamadas de glaciares, são massas de gelo compridas e estreitas que cobrem os vales das altas montanhas. Nos Andes setentrionais, na América do Sul, as geleiras de vale ocorrem em altitudes de 4.500 m ou mais.
As geleiras começam a formar-se quando a quantidade de neve caída no inverno é maior do que a quantidade que derreteu no verão. O excesso de neve deposita-se gradativamente em camadas. Seu aumento de peso faz com que os cristais de neve sob a superfície se tornem bolas compactas. Em profundidades superiores a 15 m, as bolas são ainda mais comprimidas em densos cristais de gelo. O gelo, por fim, torna-se tão espesso que começa a se deslocar sob a pressão de seu enorme peso.
Em áreas distantes dos pólos, o tamanho das geleiras diminui no verão porque as temperaturas que se elevam fazem que as partes mais baixas entrem em processo de fusão. Nas regiões polares, as geleiras diminuem quando atingem o mar e imensos pedaços de gelo se desprendem. Essas massas compactas caem na água e tornam-se icebergs.
Muitas das mais famosas geleiras estão situadas na Europa. As mais conhecidas são as dos Alpes franceses e suíços. A geleira Jostedal, na Noruega, é a maior do continente europeu. Cobre cerca de 780 km2. No sul do Chile e da Argentina, na região da Patagônia, existem grandes geleiras, como o Glaciar Perito Moreno e o Glaciar Uppsala.
Grandes geleiras também cobrem regiões do noroeste da América do Norte. A maior e mais famosa é a Malaspina, de cerca de 2.180 km2, na Baía de Yakutat, no Alasca.